cover
Tocando Agora:

Acidentes com bicicletas elétricas quase dobram no Rio em 1 ano, diz Corpo de Bombeiros

Acidentes com bicicletas elétricas quase dobram no Rio em um ano, diz Corpo de Bombeiros O número de acidentes envolvendo bicicletas elétricas e outros veíc...

Acidentes com bicicletas elétricas quase dobram no Rio em 1 ano, diz Corpo de Bombeiros
Acidentes com bicicletas elétricas quase dobram no Rio em 1 ano, diz Corpo de Bombeiros (Foto: Reprodução)

Acidentes com bicicletas elétricas quase dobram no Rio em um ano, diz Corpo de Bombeiros O número de acidentes envolvendo bicicletas elétricas e outros veículos autopropelidos quase dobrou no município do Rio de Janeiro entre 2024 e 2025, segundo dados obtidos pelo RJ2 junto ao Corpo de Bombeiros. De janeiro a outubro deste ano, foram 318 acionamentos, contra 166 registrados no mesmo período do ano passado. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O levantamento revela alta em todos os tipos de ocorrências. O maior salto foi nas colisões, que passaram de 143 para 272, um aumento de 90%. As quedas também cresceram, de 14 para 33, enquanto os atropelamentos subiram de 5 para 6. Até mesmo os casos de fogo em veículos aumentaram: de 4 para 7. Condutor de ciclomotor atravessa a rua na Zona Sul sem capacete Raoni Alves / g1 Rio De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Fabio Contreiras, os atendimentos revelam a gravidade dos acidentes. “São acidentes muito graves, em geral que causam traumatismos graves na cabeça, na coluna e no tórax também”, alertou Contreiras. O coronel dos Bombeiros reforçou a importância de utilizar equipamentos de proteção ao dirigir esses veículos. “Por isso que é fundamental tá usando capacete, muitas vezes, em algum caso joelheira, cotoveleira. Você vai diminuir muitas vezes essa energia que vai pro corpo da vítima e que pode causar ali essas lesões tão graves”, analisou. Em abril desse ano, o g1 já havia alertado sobre o aumento de acidentes graves com veículos de micromobilidade, como patinetes e ciclomotores. Na época, os hospitais da rede municipal do Rio registraram, em 1 ano, um aumento de 702% no número de atendimentos a pacientes envolvidos em acidentes com veículos de micromobilidade, como patinetes elétricos, autopropelidos, ciclomotores e outros veículos urbanos leves. Regras para uso de bicicletas, ciclomotores e autopropelidos no Rio O levantamento foi feito pela Comissão de Segurança no Ciclismo do RJ, com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI). O total de ocorrências saltou de 274 em 2023 para 2.199 em 2024. Imprudência Moradores relatam imprudência frequente no trânsito, o que seria mais um agravante para o número alto de acidentes graves. "Eles não respeitam o sinal, passam em alta velocidade, passam na contramão do fluxo de carro, então você olha quando você está atravessando, o sinal fechou, tranquilo, de repente vem e se surpreende com uma bicicleta dessa de alta velocidade”, disse professora Núbia Vergete. LEIA TAMBÉM: Aposentada atropelada por patinete na contramão teve despesa de R$ 13 mil Registro, emplacamento e CNH: novas regras para ciclomotores entram em vigor em 2026 Patinetes, bicicletas elétricas, autopropelidos e ciclomotores: saiba como diferenciar cada veículo Ciclomotor em ciclovias pode gerar multa de R$ 880: saiba as regras para bicicletas, patinetes e autopropelidos A cuidadora de idosos Gabriele Reis diz que os riscos também afetam pedestres. “Eles passam desgovernado, a gente empurrando a cadeira e eles não se preocupam com o cadeirante, na calçada”. "Quando se trata de menores a responsabilidade é dos pais pondo a vida dos filhos em risco. Quando são os adultos, mais irresponsáveis ainda, porque não são habilitados para essa situação”, acrescentou Gabriela Reis. Muitos flagrantes Em diversos flagrantes registrados pela reportagem do RJ2, condutores de bicicletas elétricas, triciclos e patinetes circulavam sem capacete, entre carros ou até em vias expressas, locais onde a presença desses equipamentos é proibida. Condutor de autopropelido carrega duas crianças. Sem regulamentação, prefeitura não pode multar infratores. Raoni Alves / g1 Rio Na Linha Amarela, no Viaduto do Gasômetro e no Túnel Rebouças, usuários foram vistos trafegando em alta velocidade em meio a veículos maiores. A representante da Comissão de Segurança no Ciclismo, Vivi Zampieri, afirma que falta orientação para os condutores. "Começa tudo pela falta de orientação. De saber como de fato pode transitar, como de fato usar esse veículo em segurança. Essas pessoas simplesmente compram o veículo, colocam na rua e vão, apenas vão”, comentou Vivi. Ela defende regras básicas para que a saúde de condutores e pedestres seja preservada. “Sempre transitar a favor do trânsito, sempre sinalizar, sempre usar equipamentos de segurança. Sempre manter a velocidade com uma segurança, respeitar o limite de velocidade. A imprudência acaba vindo dessa falta de orientação”, explicou Vivi. Apesar dos problemas, o uso desses veículos também tem impacto positivo para muita gente. O entregador Pablo Gomes de Souza conseguiu trabalho graças à bike elétrica. “Dependo da bike elétrica. Eu antigamente trabalhava na praia, mas aí conforme que eu ganhei a oportunidade, vim trabalhar num depósito. Graças à bike elétrica", comentou Pablo. Falta regulamentação Em julho de 2025, a Resolução 996 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que definiu os critérios de circulação e as características de ciclomotores, bicicletas elétricas e autopropelidos, completou dois anos de vigência. O ano já está terminando e até agora o município ainda não pode fiscalizar ou aplicar punições aos condutores desses veículos que não respeitam as regras de trânsito. Especialistas dizem que a falta de regulamentação municipal, junto ao aumento de bicicletas e outros veículos elétricos pelas vias da cidade, fez com que os números de acidentes disparassem. A resolução nacional definiu os diferentes tipos de veículos, estabeleceu onde cada um deles poderia circular, impôs os limites de velocidade e listou as infrações. Pelo texto, a aplicação das regras ficou a cargo das prefeituras. Resolução do Contran define regras para bicicletas elétricas e ciclomotores Reprodução/ TV Globo Um mês depois da lei nacional, a Câmara de Vereadores do Rio correu para aprovar um projeto que pretendia estabelecer algumas regras para o município. Nesse primeiro momento, os vereadores aprovaram a proibição das bicicletas elétricas nas ciclovias. Porém, a proibição não entrou em vigor. No mesmo mês, o prefeito Eduardo Paes vetou o projeto e impediu a mudança proposta pelo legislativo. Em junho de 2024, a Câmara de Vereadores aprovou um projeto que pretendia regulamentar o uso desses veículos e definir o valor das multas por cada infração na capital. Contudo, a aplicação de fato da lei ainda depende de uma avaliação do prefeito Eduardo Paes (PSD). Mais de dois anos após a resolução nacional e mais de um ano depois da aprovação do projeto na Câmara do Rio, a prefeitura ainda não fez sua parte. Enquanto isso, ninguém sabe quem fiscaliza ou que punições são apropriadas para cada infração. “A Resolução 996 deixou muito claro que é o Poder Executivo que precisa regulamentar o curso desses veículos na cidade", comentou Vivi Zampieri. Em nota enviada ao g1, a Prefeitura do Rio admitiu que sem regulamentação não pode fiscalizar ou punir ninguém. "Como não há regulamentação para aplicação de penalidade de multa, os guardas municipais atuam na orientação para uma condução segura para os usuários e as demais pessoas", informou a Prefeitura do Rio. O que diz a Prefeitura A Prefeitura do Rio afirma que segue as normas do Contran, que permitem a circulação de bicicletas, bicicletas elétricas, patinetes, patins e skate nas ciclovias. Ciclomotores, motonetas e motocicletas seguem proibidos nesses espaços. Segundo o município, condutores de ciclomotores precisam ter Carteira de Habilitação categoria A-A-C ou A. A Guarda Municipal é responsável por orientar usuários e, em casos de desobediência, resistência ou desacato, pode encaminhá-los a delegacias — trabalho que também pode ser feito por outros agentes de trânsito, como policiais militares.