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Motta escolhe Paulinho da Força como relator de projeto da anistia

Deputado Paulinho da Força durante fala na Câmara dos Deputados Billy Boss/Câmara dos Deputados O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republican...

Motta escolhe Paulinho da Força como relator de projeto da anistia
Motta escolhe Paulinho da Força como relator de projeto da anistia (Foto: Reprodução)

Deputado Paulinho da Força durante fala na Câmara dos Deputados Billy Boss/Câmara dos Deputados O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), oficializou nesta quinta-feira (18) a escolha do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator da proposta que perdoa condenados por atos golpistas. O parlamentar será responsável por apresentar uma nova versão do projeto de anistia, que teve urgência aprovada na noite de quarta (17) e poderá ser votado diretamente no plenário da Câmara. A expectativa, segundo aliados de Paulinho, é que o parecer fique pronto e a votação ocorra em até duas semanas. Lideranças partidárias têm afirmado que o relator deve apresentar um texto que contemple redução das penas dos condenados, sem um perdão total aos crimes. "Anuncio que o relator do PL 2162/23 será o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Tenho certeza que ele conduzirá as discussões do tema com o equilíbrio necessário", escreveu Motta em uma rede social. Paulinho da Força é confirmado como relator de projeto da anistia Após reunião na Residência Oficial da Câmara, Paulinho da Força afirmou em entrevista à GloboNews que a conversa com Hugo Motta tratou de prazos e caminhos para construir o projeto. "A ideia é pacificar o país. Um projeto meio-termo", afirmou. Paulinho da Força é considerado um parlamentar com trânsito entre diferentes alas da política e do Judiciário. O deputado tem interlocução com integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) — especialmente com o relator das ações sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, ministro Alexandre de Moraes, de quem é considerado próximo. Em novembro de 2023, uma tese proposta por Moraes, durante julgamento na Corte, reverteu uma condenação contra o deputado por supostos desvios no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O caminho aberto com a Corte é um dos fatores que contaram para a sua escolha. O presidente do Solidariedade também tem feito acenos ao centro e duras críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia sido apoiado por ele na campanha de 2022. Paulinho da Força começou a se afastar de Lula ainda na transição de governo, quando o Solidariedade foi preterido na distribuição de cargos e ministérios de Lula. O desconforto foi aumentando, segundo aliados, com a ausência de interlocução do Planalto com membros da sigla. Em junho, Paulinho da Força afirmou ao g1 que não apoiaria Lula em 2026 e que participaria de negociações para que o Solidariedade apoiasse uma candidatura de centro-direita. Entre os acenos feitos pelo deputado, estão a participação no lançamento da pré-candidatura a presidente de Ronaldo Caiado (União) e o apoio ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Deputados gritam contra e a favor da anistia a golpistas Amplitude da proposta A anistia é prioridade central da oposição na Câmara e no Senado, que defende um perdão amplo e geral, que beneficiaria, inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Aliados de Paulinho da Força e lideranças do Centrão avaliam, porém, que a amplitude da proposta deve ser reduzida. A aprovação da urgência — com 311 votos a favor e 163 votos contrários — encurta as etapas de discussão da proposta e atende a um pleito do grupo aliado de Bolsonaro, que vinha cobrando uma definição de Hugo Motta desde que ele sinalizou caminho aberto ao projeto durante sua campanha à presidência da Câmara. A pressão pelo avanço da anistia cresceu, nas últimas semanas, com o julgamento e a condenação de Jair Bolsonaro por uma tentativa de golpe. O texto passou a reunir apoios entre partidários do Centrão e contou até mesmo com negociação do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), potencial candidato ao Planalto em 2026. 🔎 Anistia é o perdão concedido pelo Estado a determinados crimes. O efeito para os acusados é a chamada extinção da punibilidade, ou seja, quem for beneficiado não mais responderá pelo delito. Destina-se, em regra, a crimes políticos (podendo, excepcionalmente, atingir crimes comuns). O presidente da Câmara, Hugo Motta, vinha sendo pressionado sobre projetos de anistia. Bruno Spada/Câmara dos Deputados Motta defende 'pacificação' Logo aprovação da urgência ao projeto de anistia, o presidente da Câmara discursou em defesa de uma "pacificação" no país. Hugo Motta sinalizou que o Congresso precisa superar o tema para que "temas urgentes" possam andar. "Não se trata de apagar o passado, mas de permitir que o presente seja reconciliado e o futuro construído em bases de diálogo e respeito", disse. Segundo ele, o relator da proposta será escolhido para que "possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da Casa". "Um presidente da Câmara não pode ser dono de teses, nem muito menos de verdades absolutas. Sempre que alguém se declarou o dono da verdade, o país perdeu. E, nesse caminho de construção coletiva, quero reafirmar a mensagem que guia a nossa gestão: o Brasil precisa de pacificação. Cabe ao plenário, soberano, decidir", afirmou.